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Uma das coisas que me deixa frustrado quando assisto novamente aos filmes de ficção científica que fizeram parte da minha infância é constatar que algumas promessas que eram feitas sobre o que teríamos no futuro não se concretizaram. Claro que muitas se tornaram realidade de uma maneira bem próxima do que foi vislumbrado pelo cinema, mas algumas ainda não chegaram nem perto. Bem antes dos meus filmes de infância, na virada do milênio em 1900, uma sociedade que já se considerava moderna e estava às portas do século XX também fazia suas projeções sobre como seria a tecnologia no futuro. Era uma sociedade empolgada com os avanços técnicos da revolução industrial, que há uns 150 anos já vinha trazendo transformações que deixaria Steve Jobs se sentindo um acéfalo. 

 

Em uma mistura de empolgação com a sociedade industrial e síndrome de Mãe Dináh, um grupo de artistas franceses liderados por Jean-Marc Côté iniciaram uma espécie de movimento chamado France En L’an 2000 (França em 2000), que tentava prever através de desenhos e ilustrações como seria a tecnologia no futuro e suas aplicações para a vida cotidiana. Assim como os filmes de ficção das décadas de 70 e 80 não acertaram em muitas coisas, algumas ilustrações chegam a mostrar situações patéticas e absurdas que poderiam se tornar mais coerentes como obras de surrealismo. No entanto, é necessário levar em conta o contexto descrito acima, provavelmente a Europa do século XIX deve ter testemunhado em menos de cem anos mais transformações técnicas e sociais do que a idade média em todos os seus quase mil anos, o que acaba se mostrando como natural que se imaginasse tanto sobre o futuro naquele momento.

 

Na sequência, algumas das imagens deste curioso movimento do inicio do século XIX.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Essa é uma das grandes promessas que me deixaram “aguando”. Era recorrente nos filmes de ficção cientifica de trinta anos atrás (e ainda é) essa ideia de um “trânsito aéreo”. Embora hoje aqui e ali apareçam alguns protótipos, estamos longe disso, pois não chegam a levantar um carro a mais de cinco centímetros do chão sem conseguir atingir uma velocidade que ultrapasse Usain Bolt. Mas, se for para vir com esse design que aparece na ilustração é melhor continuarmos andando pelo chão mesmo.   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Se teríamos carros voando, também teríamos engarrafamentos e os famigerados guardas municipais jurados de morte.    

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Quase acertaram, pois as casas inteligentes já estão por aí, tudo bem que em uma versão mais fragmentada, pois muitos aparelhos já parecem quase ter vida própria, só que “cada um no seu quadrado”.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Um dos vislumbres do En L’na 200 mais difíceis de arrumar uma definição: Bizarro? De gosto duvidoso? Um ato de crueldade? O que dá para concluir com clareza é que a relação que estabelecemos com as baleias foi bem diferente, muito mais no sentido de eliminá-las do que utilizá-las.   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Uma escola que coloca livros em uma máquina e transfere o conhecimento deles para os cérebros dos estudantes aparentemente por meio de cabos elétricos... isto pode parecer uma ideia menos absurda se levarmos em conta que, atualmente a neurociência sabe que as informações que chegam e saem do cérebro viajam por meio de impulsos elétricos chamados sinapses. A única dificuldade seria tirar os fones dos ouvidos dos alunos para colocar os cabos elétricos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Esta talvez seja uma das mais bem sucedidas previsões, uma espécie de videoconferência por meio de projeção. Podemos dizer que já é até relativamente banal, pois já temos a possibilidade de fazer isso por meio de nossos celulares e tablets. Era um vislumbre que se tornou popular nos filmes das franquias Star Trek e Star Wars. O que esses filmes ainda não conseguiram fazer foi cumprir a promessa de nos teletransportar através do espaço, que em minha opinião seria a previsão de mais eficiência social, pois seria possível imaginar uma grande metrópole sem transito, sem poluição, sem guardas de trânsito sendo ameaçados de morte, sem motoristas estressados dando tiro um no outro por causa de uma simples fechada, sem falar que nossas viagens de férias seriam muito mais baratas.      

     

 

 

O Importante é Imaginar 

Movimento de artistas do início do século XX tentava imaginar como seria a tecnologia do futuro

Júnior Silva - 28/08/2014

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